"A minha escrita permeia sentidos românticos,

restaura a solitude e acolhe a beleza da vida

para ser-te Poesia."

Marli Franco


Um perfume de lavanda e um sorriso glacê




Lembrando que o ano de 2009 consolidou eventos França – Brasil
em retribuição ao ano de 2005 Brasil – França
A fantástica troca teve o encerramento no último dia 15 de novembro.


Um perfume de lavanda e um sorriso glacê


A vida é pura arte nas mãos, quando em Toulouse olhar.
Vou pensar nas margens do Sena para contigo sonhar,
Do meu abajur de Eiffel sou vista em mar de cirandas.
A entregar um sorriso glacê, nos povoados de lavandas...


A minha via é esta rua de perfumes lembrando arminhos,
No coração em mim habita os buquês de carinhos.
Vejo o canto do realejo e lembro a sala e um belverde,
A minha voz nos matizes de Delacroixs assim se perde.
Na minha calçada de gracejos, Moulin Rouge desenho
Em vespertinas cores da minha alma, nuvens de Paris contenho.


Na minha aquarela da Notre Dame, das torres quero tocar o céu...
Nas vizinhanças passo na herança do Arco do Triunfo com um véu.
Como o rio da minha voz até a Place de Vosges seguiu o curso,
A música inspira o balé nas calçadas dos cafés em percurso.
Os teus caminhos são pura paixão, a colorir em suaves galanteios
E solicita um beijo ,na mais bela avenida do mundo em volteios
Com direito na Champs Elysées aos românticos sonhos .

Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®







O beijo, de Auguste Rodin, 1886.
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"O Beijo " a excelência da arte  que em 2009
São Paulo teve o privilegio de receber no
MASP ”Rodin: do ateliê ao museu –Fotografias e Esculturas”, fizeram
parte das comemorações do ano França –Brasil.


"O beijo quando escapa na arte das mãos apaixonadas
Consigo leva o etéreo Amor à face da profundidade
Perpetua a perícia arrasadora na forma aveludada
E concede a humanidade o registro na imortalidade."


Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®

O Silêncio da Casa


O silêncio da casa...

O dia se findou e a lua veio sem graça hoje.Não sei por que ela esta tão apagada, as estrelas refugiaram em alguma galáxia talvez para ficarem mais belas,  eu estou aqui no silencio do agora...
A casa silenciou, a juventude se aquietou e a passeata na cozinha teve sossego. O fogão e a geladeira como sofrem nas férias tantas vezes se abrem assim sem esperar; os armários pobres coitados ficam dependurados com as portas entre abertas,  a todo tempo sai correndo um prato ou um copo.
Copos... Quantos copos, muitos parecem um exército dentro da pia. E ela coitada uma trincheira que fica entulhada de tantos elementos de cristais baratos, a torneira fica só olhando como se o tempo fosse interminável e sua maravilhosa água viesse ser a mágica para desafogar todos pedidos da pobre pia.
Apago a luz ,a cozinha esta dormindo agora tranqüila. O fogão fechado respirando... Aliviada a pia finalmente limpa ,sem nada para perturbar seu sono de beleza. A sala de jantar ainda tem luz , mas só o cachorro esta deitado aos pés da mesa ,tudo tão tranqüilo na parte de baixo da casa .
Na sala de estar só se ouve o tic-tac do teclado resmungando alguma prosa sem muito sucesso claro só para passear no monitor. Hoje  o monitor resolveu ficar nervoso com a queda de força, se apagou pondo um ponto final no texto pronto para ser dependurado lá no mundo distante. Depois de um certo tempo ele voltou a ser ouvido...tic-tac...tic-tac e lá vai a prosa sem muita estória rodando a casa.
Engraçado quando a casa fica assim neste silencio, me pergunto como será que esta lá longe o Senhor conde? Como será que ele faz café, será como eu aqui?
E como será seu desjejum?Interessante imaginar isso... Como o Senhor conde    escreve?De chinelo nos pés, não de jeito nenhum não ficaria bem acho que escreve descalço. Talvez use paletó o Senhor conde ou talvez não?O que importa tudo isso nada, mas seria interessante saber de alguns detalhes do dia, afinal todo dia o vejo passeando lá no mundo.
O tempo voa já são vinte e cinco minutos do novo dia, estranho isso parece o homem do tempo falando sobre a chuva: ”Vai chover às 14:00horas”... (risos).Chove no outro dia quando você esta toda linda para sair.
Ah! Voltando ao Senhor conde acredito que há esta hora deve estar dormindo com seu teclado esquecido em algum aposento, pronto para ser acionado a qualquer momento para um mundo diferente, muito diferente carregado de quimeras, doces quimeras...
E o silencio Ah! O silencio, eu e o Senhor conde ambos temos algo em comum apreciamos este fazedor de sonhos, quanto ao café, bem o café se pode ser  com sorvete ...Mas no momento é tudo imaginação da noite com a lua assim apagada e tão silenciosa...

Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®



O Olhar da Terra

 



 O Olhar da Terra


Suplica a criança o amor da terra mãe
Na posição fetal, aconchegado nas trincas do seio.
Dobra a coluna, sem sustentação, a vida flagrada
Exposta com a vergonha do abandono do homem
Que cego, finge ignorar o abalo do mundo.
A face bebe na terra silenciosa, o cálice da tristeza.


A inocência se entrega às feras da dor aceitando o destino.
Leva o escudo da crença da tribo na nudez do mundo vil.
Visível apenas aos olhos da ave, de instinto mais honrado
Que paciente olha estagnada, na espera da providência divina.
Quando a estrela da vida voa desta miséria absurda
Libertando o espírito, do cárcere material.


Transparece nas vértebras marcadas da pele
O suporte frágil do corpo, de alma pura.
O último sopro de dignidade rumo à luz
Surge na bagagem da estória de tantas vidas
Aprimoradas, nas contas brancas de colares e pulseiras.
A herança marcada nas algemas do corpo que massacra.


Focaliza o urubu, a imagem na vista dos homens cegos
Que finge apenas assistir a dor do flagelo, na ignorância.
Enquanto ele aguarda o desígnio do céu para voar.
Em desalinho, limpando o rastro do corpo exposto.
Dando a mãe terra, a renovação eliminando o flagelo da dor.
Do amontoado de vermes que espancam os corpos infantis.


O homem, no templo interno do seu conhecimento, nada entende...
O tempo aciona os ponteiros na foto do espectador urubu.
Como a límpida água, a imagem segue o perfeito curso da natureza.
Aproxima o momento de olhar...
Que o espírito milenar, liberta...
Na luz infinita da paz...

Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®




Poema inspirado na imagem  da
 criança e o abutre  do fotógrafo sul-africano Kevin Carter



  Tradução feita pela Poeta Imortal Rosa Buk, do Fórun Poesia Pura.
Foi uma honra receber esta tradução  da imortal Poeta
que uniu nossos idiomas em Poesia.

 

A Mirada de la Tierra

Suplica el niño el amor de la tierra madre
En la posición fetal, acongojado en los tríos del seno.
Dobla la columna, sin sustentación, la vida flagrada.
Expuesta con la vergüenza del abandono del hombre
Que invidente, finge ignorar el temblor del mundo.
La faz bebe en la tierra silenciosa, el cáliz de la tristeza.


La inocencia se entrega a las fieras del dolor, aceptando el destino.
Lleva el escudo de la creencia de la tribu, en la desnudez del mundo vil.
Visible sólo a los ojos de la ave, de instinto más honrado.
Que paciente mira estancada, en la espera de la providencia divina.
Cuando la estrella de la vida vuela de esta miseria absurda
Liberando el espíritu, de la cárcel material.


Se transparenta en las vértebras marcadas de la piel
El soporte frágil del cuerpo, de alma pura.
El último soplo de dignidad rumbo la luz
Surge en el equipaje de la historia de tantas vidas
Mejoradas, en las cuentas blancas de collares y pulseras.
La herencia marcada en las esposas del cuerpo que masacra.


Focaliza el urubu, la imagen en la vista de los hombres ciegos.
Que finge sólo asistir el dolor del flagelo, en la ignorancia.
Mientras él aguarda el designio del cielo para volar.
En desalineo, limpiando el rastro del cuerpo expuesto.
Dando la madre tierra, la renovación eliminando el flagelo del dolor.
Del amontonado de gusanos que carcomen los cuerpos infantiles.


El hombre, en el templo interno de su conocimiento, nada entiende...
El tiempo acciona los punteros en la foto del espectador urubu.
Como la límpida agua, la imagen sigue el perfecto curso de la naturaleza.
Se aproxima el momento de mirar...
Que el espíritu milenario, libere...
En la luz infinita de la paz...








Conto * O Olhar e a Sala- Capítulo III.......Outono


O Olhar e a Sala

Capítulo III.......Outono

 

O outono se apresenta rondando a primavera, os dias vãos morosamente voando ao encontro das flores.

A sala anda esquecida, sem visitas apenas o silencio companheiro do cotidiano.

Tem uma caneta que foi esquecida, e o papel ainda tem letras voando nas linhas.

Do vaso vem o perfume de gerânios como se tivessem sido colhidos neste exato momento.

A cortina está sempre na espera ansiosa do olhar que proporciona seus encontros felizes com o rei Sol que aquece seus sonhos.

A sala nesta fase se embriaga de fantasia, o jardim lá fora já despontar as violetas, madressilvas, rosas e margaridas.

As borboletas fazem a dança anunciando que logo chega a sua estação.

O olhar desta vez foi intempestivo, nem parou na mesa que enciumada viu bem sua direção para arca.

A cortina deu seu agito, mas o olhar fez da sala apenas uma passagem. Seu mundo interior perdeu o canal das letras no meio da sobrecarga.

O refúgio da sala ficou aprisionado na realidade da lógica. O real veio como uma enxurrada lamacenta manchando todo sonho. Tragando a ilusão, impondo seus pontos desconexos, que aterrorizam a delicadeza das verdes íris. As lembranças estão no ar pedindo pelos versos, mas a caneta esta jogada amedrontada, tem medo das correntes rimadas e das fitas da métrica que sem licença amordaçam suas estrofes.

O abstrato teve só um segundo do tempo para voar. Pousar no recanto escolhido, sair fugindo antes que perdesse as forças e fechasse a porta para voar nas linhas da poesia...

 


O olhar esgueira na sala

Silencioso no fundo da alma

O toque delicado soa no assoalho

A mesa enciumada nota a presença.

 

Sem o sorriso fecha a cortina

Nem fresta da janela permite

Para revolta do vento e do sol

Que se unem na busca da amada

 

O dia de hoje a metade já alcançou

É tempo de abrir as gavetas da arca

Que isolada na sala se faz de soberana

Revela os mistérios do senhor do tempo.

 

Sem pressa alisa o puxador

Abre paulatinamente escutando o rangido do tempo

Encontram fitas, fotos e papeis descansando

Cúmplices do tempo usado e amarelado.

 

As mãos tremulam tocam timidamente

Percorre o espaço das gavetas sem pressa

A nostalgia embarga o pensamento

A cortina se mexe pedindo ar.

 

Na tormenta das lembranças

Deixam o olhar as gavetas

Abre as janelas para o sol e o vento

Sai apressado fechando a porta do esquecimento.

 

Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®




Conto * O Olhar e a Sala --capítulo II......Refúgio




O Olhar e a Sala

Capítulo II......Refúgio

 

O olhar surge na sala com a melodia do imprevisto. Surpreendendo alegremente a mobília, na calma costumeira do espaço requintado.

Em uma destas visitas, o olhar agora toma a sala como seu refúgio aconchegante, onde pode livremente mergulhar na essência da escrita.

Na sinfonia do silêncio que embala o recinto, o olhar abre a gaveta agora sua cúmplice que guarda seus segredos. Esconde ainda suas ferramentas amareladas pelo tempo. Que servem para cingir as letras na magia do pensamento.

No meio das tardes de inverno é que o olhar foge para sala. Assiste delirante a preguiçosa dança enamorada da cortina com o vento que de longas datas, vem crescendo o enlevo. Como todo caso clandestino o olhar percebeu o triângulo amoroso deste namoro. Quando faceira a cortina, para suplício do vento alonga sua amizade com o sol ...no doce calor do inverno.

As horas passadas na sala são doces momentos de reclusão deste olhar, de encontros sublimes com a imaginação que rege o tempo fora de órbita natural.

O tempo que sempre faz suas marcas assinala suas estórias pintadas nas mil faces da emoção. E neste aconchego da tarde marota, vai passando, envolvendo, acariciando o encontro harmonizado do olhar displicente com os versos da vida nas linhas da prosa e da poesia.

Quando o relógio toca sua badalada, o olhar guarda seus segredos, dobrado nos papéis amarelados. Coloca para adormecer as ferramentas, na gaveta seu cofre secreto e joga um beijo cúmplice para cortina. Que sabe é chegada à hora de ser fechada a janela, com seus amores lá fora... Até um outro momento da sua visita.

A sala agora já contém outra faceta, seu visitante este mais assíduo à medida que a poesia ou a prosa aprisionam seu coração. A sua fuga fica com intervalos mais curtos a cada dia que passa ele se torna parte da sala; como a mobília ainda que não saiba deste único segredo da estória.

A mobília já se acostumou com seus passos suaves e sabe que o visitante um dia irá tocar com seu olhar outros cantos adormecidos da sala de jantar. E a sala por sua vez irá ainda desvendar o seu olhar além imensidão do seu sonhar.

A porta range no silêncio... O olhar lança o sorriso costumeiro ...Vai saindo, com os passos leves da promessa que no imprevisto do tempo voltará...

Deixando em seu rastro, agora na sala vazia, com perfume da poesia pairando no ar...

Entra o vento de surpresa

Quando aberta fica a janela

Abraça ansiosa a cortina

Que faceira se entrega na alegria.

 

Sem preâmbulos a arfar de amor

O vento contorna todos os adornos do tecido

Afugenta todos os silêncios estagnados

Na melodia do seu infinito desejo.

 

A cortina sem perceber se solta

Na cadência da suave melodia

Que o vento beija tocando

As dobras do tecido acetinado.

 

Quando o sol assistindo a tudo ciumento

Acaba infiltrando neste namoro

Esconde-se rápido no horizonte

Para que a janela na hora do poente se feche

Separando assim, o vento da amada cortina

Sua única poesia em cada nascer do dia.

 Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®











Conto * Olhar e a Sala- Capítulo I - Espaço Irreal

O Olhar e a Sala-

 Capítulo I - Espaço Irreal

 Um olhar descuidado invade um espaço irreal, pousando em uma sala fora de época. Marli Franco

A sala é aberta sem pudores, sob o panorama da íris verdes. Livre e sem licença inspeciona entusiástico o cômodo de cortinas fechadas, que dorme na penumbra perdendo o sol do outono lá fora.

O móvel de madeira nobre como pouco se vê tudo cravejado e esculpido.

Um tapete com ares orientais segura a mesa de imbuía. Onde junto descansam as cadeiras com sua suntuosidade das guardas altas, revelando que nelas os ilustres se sentaram.

O carrilhão mostra bem a passagem do tempo e o torna mais rico como peça importante de um antiquário.

No lado da mesa esta sua majestade a “Arca” toda rebuscada em um rococó perfeito, suas saliências são orgulho e sua madeira exala o perfume das estórias já vividas.

Nas suas gavetas abertas, no afã do mistério, o linho branco e bordado com certeza salienta a elegância do recinto.

Os copos de cristais ampliam o olhar do visitante imaginando os brindes ali registrados.

A porcelana delicada e fina fecha o requinte das relíquias que se mostram no alto do silêncio.

A mesa é a imperatriz no centro da sala. Faz-se de rainha carrega a coroa de um vaso com suas flores, na postura de um desafio mudo; pontuando que a sala tem um dirigente vigilante para todos que nela adentrarem, mesmo que apenas com um simples olhar deslocado.

Um raio de sol penetra, investiga rasgando pela janela a penumbra com ajuda do vento seu fiel escudeiro. Beija as margaridas e jasmins do vaso e foge matreiro sob o olhar ciumento do guardião, o cinzeiro.

O vento lança ainda antes da partida, um olhar de cobiça na cortina. E dissimulado afaga brincalhão. Movendo o tecido de renda, que brilha do alto dos trilhos caindo em cascata no seu branco virginal até o chão.

A sala magnífica continua estática depois de cada badalada, linda como uma rosa.

Mas sem o alimento da vida fica assim... Como pétalas desfolhadas, esperando serem colhidas por mãos amorosas. Que nelas venham beber, o licor da vida em seu interior.

O olhar de esmeralda, meticuloso, depois de respirar a magia de uma época longínqua, sai fechando a porta silenciosamente.

Deixa para traz apenas um sorriso de deslumbramento com tanta beleza.

A sala sorrateiramente, sem deixar o olhar perceber, rapta o sorriso doce.

E guarda no cristal das folhas secas, para ser mais um aroma, das muitas estórias ali registradas.

Marli Franco 
Direitos Autorais Reservados®



Dança da Profecia



A Camisa


A Camisa


Uma camisa jogada no fundo do armário deixou-me surpresa, os lábios trêmulos...
Toquei devagar, bem lentamente,fiz uma carícia e o poder da recordação começou agir.
O perfume esbarrou no coração,senti e mergulhei sem pensar nas ondas do passado.
Levei junto ao peito o tecido apertado e abracei ...
A saudade havia chegado...
Levantei a camisa perto dos lábios e beijei levemente, sem tristeza, agora consciente apenas das boas lembranças.
Contei os botões todos intactos. Olhei o armário quase vazio,solitário, rolei o olhar em cada canto...Todos cantavam os momentos especiais.
Vesti a camisa ,aqueceu meu corpo frio ausente do manto do sonho.
A camisa ainda resistia nas mãos, sem querer sair e sem querer se afastar, como que segurando o relógio do tempo.
Mas uma lágrima escorreu nas faces era a badalada do final do momento.
Estiquei com carinho a camisa no cabide, dei um beijo não de despedida. Nunca de despedida ,apenas um suspiro até outro momento supremo das lembranças.
Fechei as portas do armário me vesti com o sorriso de quem teve a beleza da vida...Em um tempo inesquecível....


Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®

Plataforma Dourada


Plataforma  Dourada


Olho o mar lá distante trocando suas cores com o sol deixando suas águas vestirem o laranja, avisando que é hora no poente de terminar o dia que se estendeu tão quente.
No céu deste verão tão intenso que se cobre na cor laranja, banhando as nuvens em respingos de vermelho, mostrando assim no final da tarde que impera no céu e no mar o domínio do sol.
A lua vai tardar a chegar na praia, o dia se estende além do poente nesta estação.
No meio deste templo alaranjado aparece no mar o portal dos sonhos.
Com bases tão sólidas esta sobre as águas, com suas colunas douradas avisando que as mãos humanas se esmeraram.O seu formato leva a imaginação se abrir em muitas direções, tal qual seu brilho que se espalha nas águas do mar. No meio de suas grades que lembram bem uma plataforma de ouro, aparecem detalhes desenhados em cada uma formando arabescos de um ourives minucioso.
Um círculo surge bem no meio de uma lateral avisando que é ali a passagem para tudo que a imaginação permitir.O circulo é perfeito e se encaixa nas grades da plataforma, bem em cima dela mostrando que não é para se esconder.Sobre este foram colocadas quatro arandelas com chamas sempre acesas, para avisar aos barcos que a ilusão esta por perto...
O mar enfeitiçado com este adorno sobre suas águas se mantém em toda sua volta em perfeita calmaria segurando suas pilastras, com sabedoria e consentimento de que nas suas águas pode permanecer indefinidamente...
A natureza registra a beleza da obra e adiciona nesta imagem em perfeita harmonia pequenos seres mágicos, de delicadeza ímpar: as borboletas. Com suas asas na cor púrpura e rosa deslizam nas águas do mar e depois alçam um vôo livre, ultrapassando por entre o círculo do portal voando em direção ao mar infinito da criação.
A plataforma brilha neste sol que tinge o céu e o mar, entre tantas tonalidades todas extraídas da estrela que ilumina a plataforma.Com a disposição das grades em duas laterais ela se reveste de segurança aos céticos da realidade.À frente da plataforma suporta o circulo, mostra que só os sonhadores podem invadir seu domínio, o lado oposto fica totalmente aberto bem na direção do círculo, mostra com maestria e total sutileza que depois de passar o portal ,os limites se abstraem...
A natureza que é divina confirma esta visão com o vôo das suas anfitriãs as borboletas, com delicadeza e tão sensível fragilidade conseguem ultrapassar o portal.
Bem distante desta obra de arte a imagem de um barco, com suas velas brancas é vista, paira nas águas do mar sua sombra. Avisa da sua indecisão ,seus receios, seus medos de deixar aflorar sua criação e voar como as borboletas na sua imaginação.O mar ali consente sem pressa como se no poente o rei sol fosse permanecer intacto neste verão.Dá ao barco a possibilidade de assim ficar, além das horas para decidir se viaja na direção da sua imaginação ou retorna ao seu mundo longe da criação.
Quanto à plataforma fica ali estática, mas a tudo observa, comunicando-se no silencio com a beleza do pôr do sol nesta estação do verão; deixando as borboletas acariciarem
com suas asas o dourado da sua base em prosa, na poesia fantástica que vive no mundo...

Asas da criação de mim voam
Carregam –me em teu sol de verão
Levam-me no beijo da tua luz em mim
Ultrapassando como as asas de borboletas
No rumo infinito do meu amor intenso por ti...


Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®